O filme de Doug Liman (A identidade de Bourne) é próprio para quem gosta de muita ação e nada de história. No Limite do Amanhã, traz um mundo futurístico invadido e semi destruído por alienígenas. O tenente-Coronel Bill Cage (Tom Cruise) entra de gaiato na luta contra os invasores e por obra do destino fica preso no tempo, revivendo o mesmo dia repetidas vezes. Auxiliado por Rita Vrataski (Emily Blunt), Cage encara um treinamento intensivo para melhorar suas habilidades em combate, se desligar do loop temporal e salvar o mundo.
Graças à tecnologia cinematográfica disponível, ainda está valendo a pena ir ao cinema assistir ao Tom Cruise ser um Kick Ass de aliens! No limite do amanhã não é um filme escuro, apesar de todos os efeitos especiais e ainda tem uma trilha e efeitos sonoros que ajudam a empolgar o público. No entanto, os personagens estão “parados no tempo”. Os loops temporais mantêm os atores presos em seus papeis, com a mínima possibilidade de desenvolver seus talentos.
A chance de começar o dia de novo e poder mudar o rumo da história é algo que muita gente gostaria de ter a oportunidade. Porém Tom Cruise tem tanta facilidade de conseguir isso que se torna chato, tedioso, cansativo! Lembro-me de quando Caco Antibes ficou preso no último dia do ano no seriado “Sai de Baixo”, foi mais interessante
Ficha técnica
Título: No Limite do Amanhã / Original: Edge of Tomorrow
Direção: Doug Liman
Distribuição: Warner Bros.
Lançamento Brasil: 29 de maio de 2014 / Mundial: 06 de junho de 2014
Dois filmes, dois períodos da história, duas eras tecnológica e o mesmo assunto. Godzilla está de volta às telonas. De tempos em tempos, o lagarto mutante de três ou quatro vezes o tamanho dos arranha-céus aterroriza a população. Agora, de deus ele se transformou em monstro anti-herói e ainda traz companhia.
Impulsionado pela busca da verdade sobre o acidente que matou sua esposa, Joe Brody (Bryan Crasnton), junto com seu filho Ford (Aaron Taylor-Johson), descobrem elementos importantes que ajudam a entender o propósito de dois seres que se alimentam de agentes nucleares e que estão prestes a transformar o planeta Terra em seu habitat natural.
Que atire a primeira pedra aquele que não consegue pensar nas diferenças tecnológicas entre as produções cinematográficas de 1954 e 2014. Mas cá entre nós, não vamos comentar isso. Cada um tem o seu merecimento de acordo com seu momento. Quem se atreve a dizer como assistiremos Godzilla em 2074?
Com a direção de Garethe Edwards, Godzilla é uma criatura que mantém aquele charme envergonhado de aparecer em público. Mesmo no lançamento dos trailers e cartazes foi programado um suspense sobre como seria a representação dele. E todo este trabalho foi recompensado, já que ficou bem fiel ao retrato de 60 anos atrás.
O Godzilla de 1954 foi feito com um evidente propósito dos japoneses dizerem que ainda estavam machucados pelos ataques nucleares do fim da II Guerra Mundial. Uma ferida nunca verdadeiramente cicatrizada. Após 60 anos, Godzilla, vem cutucar a lesão, mas dizer: “olha, desculpe pelo que fizemos, mas essa dor também nos atinge”. O tempo todo é possível observar os elementos que levam de volta ao fatídico dia 06 de agosto de 1945 (alguns até bem explícitos…).
De acordo com o que percebemos ao estudar as representações do fim do mundo, ou perigos de um fim eminente, é cada vez mais perceptível que buscamos respostas para os medos do momento. Com o final da II Guerra Mundial especulava-se no inconsciente coletivo quais seriam as consequências, ou qual seria o próximo flagelo para a humanidade. E com todo o poder para dar asas à imaginação, a ficção científica cinematográfica se aproveita explorando o real e, assim, fantasiar o medo. Sem deixar de “cutucar a onça com a vara curta”.
O anti-heroísmo, do lagarto que solta fogo azul, nos faz lembrar o quanto estamos presos a nossa falta de entendimento da natureza e quanto somos cíclicos, pois estamos fadados a seguir em frente, mas sempre sob a sombra dos erros do passado.
Ficha técnica:
Título: Godzilla
Lançamento: 15 de maio de 2014
Direção: Garethe Edwards
Distribuição: Warner Bros.
Dirigido por Neil Burger, Divergente, baseado no romance de Verônica Rogh, mostra as pessoas vivendo divididas em facções que correspondem as principais características de suas personalidades, ou talentos naturais. Os habitantes do futuro passam por um teste para saber a qual facção pertencem, mas independente do resultado as pessoas podem escolher em quando delas querem fazer parte.
Quando chega o momento de Tris (Shailene Woodley) fazer o teste, ela descobre que não é mais uma garota entre tantos outros a participar da cerimônia. Após a escolha, guiada por seu instrutor, Quatro (Theo James), eles descobrem uma ameaça às estruturas utópicas da organização social de Chicago. Esse fato os impulsiona a ir à busca da verdade e lutar para que os pilares da sociedade não desmoronem diante do poder totalitário e autoritário da uma única facção, comandada por Jeanine Matthews (Kate Winslet).
Um filme quando baseado em livro torna-se, ao seu modo, difícil de ser engolido, pois todos sabem que é o funcional da literatura, nem sempre é para a sétima arte. Divergente é para aqueles que odeiam filmes que não condizem com seus livros de origem. Neil Burger, experiente neste gênero com “O ilusionista” – baseado no conto Steven Milhauser “Eisenheim, the illusionist”, mostra que do que é capaz ao apresentar um filme que condiz com os elementos literários, o quanto poderia se desejar. E ao mesmo tempo, sem deixar o expectador que não leu o romance sem entender o amplo contexto do drama.
De maneira fantástica, a personagem principal Tris é extremamente carismática, pois não apresenta aquela irritante síndrome de martir, aquela necessidade de se sacrificar desnecessariamente, como observamos na srta. Everdeen (Jennifer Lawrence) no filme Jogos Vorazes (Gary Ross) – filme e livro que trazem dramas parecidos em alguns aspectos (Romance teen, futurístico, sobrevivência, etc). Tris se sacrifica quando necessário, buscando primeiro tentar salvar a todos, mas não se esquece de si mesma.
O Cine Fim do Mundo recomenda Divergente, em geral de filme e livro, pois a história se passa num contexto pós-guerra. De inicio não fica muito claro como a humanidade chegou a maneira em que está, mas é possível observar elementos de um futuro distópico, em que as sociedade precisa de um novo modelo organizacional e de um poder que a mantenha.
Além disso, levando em consideração que filmes distópicos representam o medo e as preocupações da nossa era atual. Podemos observar que o mundo, talvez esteja precisando de uma reforma e o grande mal de hoje (e sempre, ousaria dizer) é o próprio ser humano, ou melhor, sua natureza. Vale lembrar que Noé, num contexto diferente, traz esse mesmo questionamento sobre a humanidade.
Ficha Técnica
Título original: Divergent
Estreia: 17 de abril de 2014 (Brasil)
Direção: Neil Burger
Distribuição: Paris Filmes
Trailer
Cine Fim do Mundo contou com a colaboração do leitor e grande apreciador da sétima arte, Lucca Carzino.
Noé é o tipo de filme “ame-o ou deixe-o”. Nesta versão do diretor Darren Aronofsky (Cisne Negro), Noé (Russel Crowe) tem sonhos que servem como ponte de comunicação com Deus e seguindo suas interpretações ele corresponde às vontades do Criador. Do enredo original, Noé – junto com sua família – tem a importante tarefa de construir uma arca, a fim de salvar as vidas puras da Terra. A salvação é necessária, pois o planeta encontra-se devastado pela maldade e corrompido pelo pecado. A responsabilidade por causar a revolta no Criador é da humanidade. Por isso Ele transmite para Noé a necessidade de limpar o planeta com um dilúvio, a fim de dar uma nova chance para a criação.
No filme, os fatos que diferem da história original aparecem para fazer o protagonista deixar de ser o servo passivo, aquele que segue sem questionar, para ser alguém capaz de tomar as próprias decisões. Com isso, abre margem para que Noé possa, também, ser capaz de reconhecer seus erros.
Outro ponto que difere da Bíblia é com as esposas dos filhos de Noé. Com Ham (Logan Lerman) e Jafé (Leo Carroll) existe dificuldade para encontrar companheiras e o fato de apenas Shem (Douglas Booth) ter seu par feminino, Ila (Emma Watson), deixam a família a mercê de conflitos dentro e fora da arca.
As adaptações feitas por Aronofsky à história bíblica não interferem no julgamento do expectador para o enredo do filme, pois a ideia do diretor talvez não seja colocar em “xeque-mate” a veracidade da história ou dos personagens, mas criar um debate sobre os sentimentos e o respeito dos seres humanos com o próximo e com seu ambiente. Nesse mesmo sentido é possível avaliar que não existe o 100% bom e o 100% mau. Existem as escolhas e as atitudes de cada um, são elas que definem o caráter de cada um. Noé é uma adaptação hollywoodiana pop de um mito bíblico. As técnicas puderam dimensionar a história e ampliar detalhes não escritos no livro sagrado.
Em contraponto, existe uma reserva em personagens que poderiam ser mais explorados, como Ham e Tubal-Cain (Ray Winstone), e, desta maneira, preencher alguns espaços de tempo de pura “inércia” na história.
Porque Noé está aqui no Fim do Mundo?
Para todo o fim é necessário um começo. E de acordo com o livro “Uma conversa sobre o Fim do Mundo”, quando falamos em fim dos tempos chegamos a conclusão de que o nosso planeta já passou por vários fins. E não como em 2012 (que foi um completo fiasco), falamos aqui de eras geológicas. Ainda se perguntando “o que isso tem a ver com a história de Noé?”. Eu digo, Noé, de Darrem Arnofsky, representa no cinema aqui que se fala há mais de 1500 anos (desde que a Bíblia foi escrita) que existe uma preocupação com o “para onde vamos?”. O mundo precisa de alguma forma, passar por uma provação, ser limpo, para renascer. Ou seja, esse seria um momento em que o planeta, e a humanidade, têm a oportunidade de corrigir suas falhas. Isso fica claro em outros filmes, alguns já discutidos aqui, como Círculo de Fogo, Wall-e e O Livro de Eli, diferente de Presságio, por exemplo.
Os filmes baseados em histórias bíblicas, normalmente não conseguem agradar gregos e troianos, acredito que Noé será um divisor de águas (tipo Moises, sabe?). O expectador crente em sua fé pode tanto gostar pela nova dimensão dada à história, como pode odiar pelo exagero da mesma. E aquele cético pode não gostar pelo excesso de olhares vazios ao céu, e apreciar a forma fantasiosa da história cinematográfica.
Ficha técnica:
Título: Noé (Noah)
Direção: Darren Aronofsky
Lançamento: 03 de abril de 2014
Estúdio: Paramount Pictures
Das páginas para as telonas. Ender’s Game – O Jogo do Exterminador se passa alguns anos à frente do nosso tempo e neste momento a Terra encontra-se ameaçada por uma raça alienígena. Neste primeiro ataque os humanos conseguem combater a colônia invasora, porém não sem alguma dificuldade e muitos sacrifícios. Milhares de vidas se perdem até que a invasão é contida.
Temendo o segundo ataque, cria-se uma agencia especial internacional que recruta crianças com habilidades acima da média. Quando inseridas nesse programa, elas passam por vários testes e provações físicas e psicológicas para serem definitivamente aceitas e treinadas para combater esta ameaça.
Entre todas as crianças selecionadas, o coronel Graff (Harrison Ford) busca por uma específica: o escolhido. Aquele que demonstrará ser superior, o verdadeiro líder, e que conseguirá derrotar o inimigo interplanetário – a colônia de aliens – os Formics. Essa personalidade é encontrada em Ender Wiggin (Asa Butterfield), porém até que o líder tome o lugar do garoto, Ender precisa enfrentar seus colegas do programa e seus próprios medos.
Dirigido por Gavin Hood, Ender’s Game transmite o dever que toda a sci-fi tem para com seu público – computadores superavançados, ordem militar, naves alienígenas, conquistas e destruições. Sem esquecer, no entanto, de colocar uma pitada de drama, deixando em cheque uma questão: até que ponto as crianças são vistas como crianças e quando é que passam a serem defensores da humanidade. Essa discussão fica clara, até demais, entre os personagens major Gwen Anderson (Viola Davis) e coronel Graff.
Para os amantes do fim do mundo, não esperem muitas destruições no nosso querido planeta azul. O futuro na Terra não parece ser muito caótico, apesar da impressão de existir um controle populacional. Fora isso, o planeta está muito bem conservado, até passando a impressão de ser um lugar pacífico e bonito de se viver, como se esse programa internacional fosse toda a segurança de que precisamos.
A série literária de Orson Scott Card, na qual foi baseada Ender’s Game – O Jogo do Exterminador – é composta por seis títulos. Até o momento não houve nenhuma afirmação de sequências para o filme. A julgar pelo que vemos nesta estreia, não seria bom deixar passar a oportunidade de filmar a história de Ender Wiggin.
Contudo, onde Ender’s Game ganha com uma trama bem desenvolvida (não apenas mais uma historinha de sci-fi e uma adaptação da literatura) e efeitos especiais, ele perde no quesito trilha sonora e evolução dos personagens. A trilha não é nada muito elaborada – apesar de algumas sacadas interessantes – e os personagens, ainda que tenha um drama de personalidade, eles evoluem de madeira cautelosa, segurando um pouco o desenvolvimento dos atores Harrison Ford e Asa butterfield.
Classificação do Cine Fim do Mundo: Para assistir mais de uma vez.
Título: Ender’s Game – O Jogo do Exterminador
Lançamento: 20 de dezembro
Diretor: Gavin Hood
Guilhermo Del Toro (Hellboy) dirige uma superprodução hollywoodiana, um pouco exagerada em alguns pontos e ao mesmo tempo grandiosa em outros. Em Círculo de Fogo (Pacific Rim) o mundo está monstros gigantescos, os Kaiju, que saem das profundezas do oceano para travar um guerra contra os seres humanos. Para a defesa do planeta, os governos investiram no projeto “Jeager”, ou caçadores, uma serie de robôs que são controlados por neurotransmissores, ligando dois pilotos mentalmente para obter bom desempenho nas pancadarias.
O filme tem algumas referências do enrede de Godzilla (Ishiro Honda, 1954), os dois diretores trabalham a ideia de monstros saindo das profundezas marinhas e atacando as cidades, além também como principal motivo desta “escapada” para a superfície a própria ação humana. Em Pacific Rim é discretamente tratado o aquecimento global como um dos criadores do clima propício para os Kaijus e em Godzilla os responsáveis pela criação do mostro são os efeitos das bombas atômicas lançadas no Japão, na 2ª Guerra Mundial.
Quantos aos efeitos especiais, cada um tem o que merece de acordo com a época de produção e nem vale a pena fazer qualquer tipo de comparação. Guilhermo Del Toro comete alguns pecados ao apresentar certos detalhes exagerados, mesmo para uma ficção científica. Eu diria que é um divertido exagero, mas mesmo assim, um exagero. Em outros momentos, as dimensões dos Kaijus e Jeagers e até mesmo das destruições das cidades, passam despercebidas do expectador, por causa dos cortes fechados em muitas cenas.
Muitos filmes têm sido lançados em tecnologia 3D, mas poucos têm conseguido passar a real dimensão ou sensação desta ferramenta. Apesar de tudo, em pouco mais de duas horas, Círculo de Fogo, consegue transmitir o que andava em falta no mercado cinematográfico: ficção cientifica distópica com muito “kick ass” e boa qualidade de 3D.
E mais uma vez o apocalipse foi cancelado
Círculo de fogo apresenta ao expectador muito mais do que se pode, normalmente, esperar de uma superprodução. Além da ação e dos efeitos especiais, o filme se apresenta numa mistura de simbologia. Logo nos primeiros minutos é apresentada a ideia de que “nos acostumamos” aos ataques alienígenas, mostrando que o ser humano é uma espécie de fácil adaptação e isto é colocado como parte de um processo para da reação a iminente ameaça.
A palavra “apocalipse” utilizada na frase de mais impacto do filme – “hoje estamos cancelando o apocalipse” – carrega uma carga de elementos da cultura religiosa ocidental e ao mesmo tempo, quando se cancela o apocalipse, mostra um rompimento com esse nicho religioso. Em outras palavras, se somos capazes de deixar propício que seres de outro planeta invadam o nosso, somos capazes de destruí-los.
Quanto à analogia de Godzilla (1954) e Círculo de Fogo, lembro-me que no final de Godzilla há o seguinte dizer “aquele Godzilla esta destruído, mas não sabemos quando outro poderá aparecer” (ou algo assim). Pode não ter sido essa a ideia objetiva da produção, mas para aqueles amantes do cinema japonês em preto e branco dá uma sensação de continuação, isso com certeza.
Trailer
Título: Círculo de Fogo
Título original: Pacific Rim
Direção: Guilhermo Del Toro
Elenco: Charlie Hunnam, Idris Elba e Rinko Kikichi
Duração: 2h10min
Distribuição: Warner Bros.
Homem de Aço, dirigido por Zack Snyder, entra em cartaz neste final de semana para preencher o vazio que o “homem das cuecas por cima da roupa” tinha deixado nos fãs da série. As histórias de Superman em quadrinho não pararam, mas as telonas estavam presas na última e fraca produção de 2006 (Superman – O Retorno).
No contexto geral, Snyder não trás muitas novidades da história de Clark Kent (Henry Cavill). Vindo de outro planeta, adotado por fazendeiros simplórios, infância e adolescência conturbadas pelos superpoderes. Além da tecnologia empregada neste longa, a grande atração do filme é a superconfiança dos personagens. Eles se tornaram mais autônomos, mais donos de si e apesar de todas as peripécias enfrentadas não são mais os coitadinhos inseguros que ficam procurando o Clark a todo o momento. Algo que não deixa de ter seus créditos também são as cenas de Kripton, planeta natal de Kal-El (nome de nascimento de Clark), alienígena, com tecnologia superavançada e com imagens de ação e destruição incríveis. Um lugar que poderíamos até comparar com os enredos de Matrix (1999) e Admirável Mundo Novo (Audous Huxley) – grandes produções da literatura e do cinema de futuros distópicos e interessantes abordagens quando a reprodução da espécie.
O desenrolar da trama de Homem de Aço até parece um pouco rápida e ao tempo enrolada, dando a impressão que falta o mais importante, no entanto quando os créditos começam a rolar na tela temos a impressão de “dever cumprido” do enredo. Poderia ter um pouco mais de detalhes em alguns momentos, como o envolvimento de Clark com Lois Lane (Amy Adams), um romance profundo num curto espaço de tempo. Porém esses mesmo detalhes que podemos sentir falta, no fim das contas poderiam se tornar inúteis na produção final.
Parte da lista das superproduções de Hollywood, Homem de Aço, é mais um clássico aprimorado com ação do início ao fim e com crédito especial para o figurino: sem cuecas vermelhas por cima das roupas!
É o apocalipse? É o futuro distópico? Não! É o Homem de Aço!
Agora a pergunta que não quer calar: o que o Superman tem a ver com o fim do mundo, o apocalipse e as distopias que apresento aqui no blog? Respondo: tem muito mais do que podemos imaginar.
As histórias em quadrinhos trazem para o imaginário humano as personificações de heróis. E o que os heróis fazem? Salvam o Mundo! (exceto as meninas superpoderosas que salvam o dia)
Em cada novo número de uma HQ ou em cada filme produzido para um desses heróis, nos encontramos a beira de um colapso mundial e que um, ou uma turma de superpoderosos, aparecendo para salvar os seres humanos de seu fim eminente.
(cuidado! A partir daqui você pode encontrar spoiler) Em Homem de Aço encontramos os elementos clássicos da possível destruição do planeta e muitos elementos religiosos nas entranhas do enredo. Com base num dever a ser cumprido cegamente, General Zod (Michael Shannon), invade a Terra com a intenção de fazer dela o novo Kripton e assim ressurgir a raça dos kriptonianos. Porém, para cumprir a meta é necessário dizimar a humanidade. Temos aqui o nosso presente distópico, os cidadãos ficam apavorados com o tamanho da destruição causada pela invasão alienígena, que a principio é apenas numa cidade, mas se não controlada tomará o planeta inteiro.
As punições e as redenções humanas pelo divino são amplamente abordadas nas escrituras apocalípticas. Quando estas aparecem estão sempre acompanhadas pela obrigatoriedade do crescimento do estado da fé. No filme, o personagem Clark/Kal-El (Henry Cavill) aparece com a missão de levar a esperança para os seres humanos, representar um ideal de fé para cada um, mas está fé só pode ser alcançada através de um único salvador: o messias Kal-El.
É exatamente aqui que as representações religiosas continuam. O herói é o novo messias de Hollywood (lembra do Neo de Matrix, confira aqui). O Superman foi enviado por seu pai para trazer uma nova esperança para o mundo dos humanos, viveu acuado por perseguições, foi diversas vezes tentado pelo mal, ou a utilizar seus poderes para o mal e comete sacrifícios para salvar os outros. E tudo isso com o símbolo da fé na roupa.
Os criadores da série eram judeus, então não fica difícil encontrar essas comparações religiosas. Se Zack Snyder fez essas relações de propósito, não sei dizer, mas deu certo, apesar de um pouco apelativa. Pois, com ou sem essas comparações o espectador pode sentar e aproveitar uma produção cinematográfica muito bem trabalhada.
Ficha Técnica
Título: Homem de Aço (Man of Steel)
Lançamento: 12 de julho de 2013
Direção: Zack Snyder
Elenco: Henry Cavill, Amy Adams, Michael Shannon, Russell Crowe
Guerra Mundial Z, a grande estreia de hoje nos cinemas brasileiros. Uma adaptação do best seller homônimo de Max Brooks. O diretor Marc Forster comanda o longa embarcando o herói Gerry Lane (Brad Pitt) ao redor do mundo, como representante da ONU. De primeira classe, Garry é forçado a confiar sua família nas mãos do governo e ir à busca de entender (e descobrir) o que está dizimando a população mundial.
Simples assim, mas desenvolvido com muita ação e emoção.
As Distopias de Guerra Mundial Z
Marc Forster consegue apresentar sutilmente os elementos que entramos escancarados em filmes do gênero, como bíblias, rezas e menções ao deus salvador ou punidor. Porém nos deparamos com a cidade sagrada se defendendo com muros milagrosos, porém não duradouros.
O filme tira o expectador do padrão “arrumadinho” de Hollywood e o leva para um lugar remoto na Corea, para a aridez de Israel e aos campos de País de Gales.
Confesso que fiquei um pouco assustada com a aparente velhice de Brad Pitt. Estamos acostumados com a elegância do ator transmitida aos seus personagens, mas Garry se mostra uma pessoa comum, envelhecendo e tentando mudar de vida com a chegada da aposentadoria, aparentemente, forçada. Nesse mesmo sentido, os méritos também devem ser passados a esposa de Garry, Karen Lane (Mireille Enos), uma mulher comum, e interpretada de maneira simplória, porém de forma bem feita.
Um elemento que chama a atenção e que podemos encontrar em outros filmes distópicos e a negação diante do fato. O provável vírus que se espalha pelo mundo transforma as pessoas em seres agressivos e ao que parece se multiplica a partir de mordidas, contato direto com o infectado. O governo se recusa a qualificar tais características como “zumbis”. Num primeiro momento torna-se difícil acreditar que em algo tão fantasioso, criado para entreter os amantes de terror barato da década de 80, podem realmente estar solto pelo mundo. Teorias da conspiração a parte, mas se isso realmente acontecesse, zumbis não seriam aceitos tão facilmente pelas autoridades.
Por último, mas não menos importante, existe um debate implícito no roteiro sobre a natureza. Ela cria e ela destrói. Com isso podemos fazer uma analogia entre o mundo da vida real e o enredo cinematográfico. Nesse caso, seria uma crítica ao modo como vemos a natureza, realmente não a entendemos, algo que se cria e se destrói em própria defesa, sendo desvendável, porém incontrolável. “Nature is a bitch” – a frase mais sensacional de Guerra Mundial Z.
Após duas horas em frente a telona, não chegamos a resolução concreta do problema mundial. Mas calma, não devemos entrar em pânico. Afinal, esta semana foi anunciada a continuação do filme, devido ao sucesso apresentado até agora.
Considerações finais:
– Guerra Mundial Z trouxe de volta a ideia do terror, é o tipo de filme que ao assistir, as emoções vividas pelos personagens são transmitidas ao expectador.
– Guerra Mundial Z é o tipo de filme que considero um pouco fora do padrão para o gênero. Cheio de pegadinhas e controversas. É óbvio e ao mesmo tempo cheio de surpresas.
– Ter a imagem de Brad Pitt como matador de zumbis era algo meio difícil de imaginar. Mas vejo que foi bem legal.
– Confesso que não li o livro de Max Brooks, mas não acredito que isto tenha desfavorecido o enredo cinematográfico. Em casos de adaptações o comentário mais comum de se encontrar é “faltou um pouco de detalhamento e complexidade acompanhada na sadia leitura” e eu completo “vamos ao cinema ver um filme, não ler um livro”. Guerra Mundial Z só fez aumentar a curiosidade pela leitura, agora que o filme tem tudo para ser sucesso, talvez a livrarias voltem a vender edições do livro.
Ficha técnica:
Título: Guerra Mundial Z (World War Z)
Lançamento: 28 de junho de 2013
Duração: 1h 56min
Direção: Marc Foster
Elenco: Brad Pitt, Mireille Enos.
Guerra Mundial Z, a grande estreia de hoje nos cinemas brasileiros. Uma adaptação do best seller homônimo de Max Brooks. O diretor Marc Forster comanda o longa embarcando o herói Gerry Lane (Brad Pitt) ao redor do mundo, como representante da ONU. De primeira classe, Garry é forçado a confiar sua família nas mãos do governo e ir à busca de entender (e descobrir) o que está dizimando a população mundial.
Simples assim, mas desenvolvido com muita ação e emoção.
As Distopias de Guerra Mundial Z
Marc Forster consegue apresentar sutilmente os elementos que entramos escancarados em filmes do gênero, como bíblias, rezas e menções ao deus salvador ou punidor. Porém nos deparamos com a cidade sagrada se defendendo com muros milagrosos, porém não duradouros.
O filme tira o expectador do padrão “arrumadinho” de Hollywood e o leva para um lugar remoto na Corea, para a aridez de Israel e aos campos de País de Gales.
Confesso que fiquei um pouco assustada com a aparente velhice de Brad Pitt. Estamos acostumados com a elegância do ator transmitida aos seus personagens, mas Garry se mostra uma pessoa comum, envelhecendo e tentando mudar de vida com a chegada da aposentadoria, aparentemente, forçada. Nesse mesmo sentido, os méritos também devem ser passados a esposa de Garry, Karen Lane (Mireille Enos), uma mulher comum, e interpretada de maneira simplória, porém de forma bem feita.
Um elemento que chama a atenção e que podemos encontrar em outros filmes distópicos e a negação diante do fato. O provável vírus que se espalha pelo mundo transforma as pessoas em seres agressivos e ao que parece se multiplica a partir de mordidas, contato direto com o infectado. O governo se recusa a qualificar tais características como “zumbis”. Num primeiro momento torna-se difícil acreditar que em algo tão fantasioso, criado para entreter os amantes de terror barato da década de 80, podem realmente estar solto pelo mundo. Teorias da conspiração a parte, mas se isso realmente acontecesse, zumbis não seriam aceitos tão facilmente pelas autoridades.
Por último, mas não menos importante, existe um debate implícito no roteiro sobre a natureza. Ela cria e ela destrói. Com isso podemos fazer uma analogia entre o mundo da vida real e o enredo cinematográfico. Nesse caso, seria uma crítica ao modo como vemos a natureza, realmente não a entendemos, algo que se cria e se destrói em própria defesa, sendo desvendável, porém incontrolável. “Nature is a bitch” – a frase mais sensacional de Guerra Mundial Z.
Após duas horas em frente a telona, não chegamos a resolução concreta do problema mundial. Mas calma, não devemos entrar em pânico. Afinal, esta semana foi anunciada a continuação do filme, devido ao sucesso apresentado até agora.
Considerações finais:
– Guerra Mundial Z trouxe de volta a ideia do terror, é o tipo de filme que ao assistir, as emoções vividas pelos personagens são transmitidas ao expectador.
– Guerra Mundial Z é o tipo de filme que considero um pouco fora do padrão para o gênero. Cheio de pegadinhas e controversas. É óbvio e ao mesmo tempo cheio de surpresas.
– Ter a imagem de Brad Pitt como matador de zumbis era algo meio difícil de imaginar. Mas vejo que foi bem legal.
– Confesso que não li o livro de Max Brooks, mas não acredito que isto tenha desfavorecido o enredo cinematográfico. Em casos de adaptações o comentário mais comum de se encontrar é “faltou um pouco de detalhamento e complexidade acompanhada na sadia leitura” e eu completo “vamos ao cinema ver um filme, não ler um livro”. Guerra Mundial Z só fez aumentar a curiosidade pela leitura, agora que o filme tem tudo para ser sucesso, talvez a livrarias voltem a vender edições do livro.
Ficha técnica:
Título: Guerra Mundial Z (World War Z)
Lançamento: 28 de junho de 2013
Duração: 1h 56min
Direção: Marc Foster
Elenco: Brad Pitt, Mireille Enos.